domingo, 12 de janeiro de 2014

Presos provisórios



O Globo 12 de janeiro de 2014.

No Amazonas, maioria dos presos não foi julgada
  • Presídios têm superlotação e alto número de rebeliões
Leticia Fernandes (Email · Facebook · Twitter)
Publicado: 11/01/14 - 19h00
Atualizado: 11/01/14 - 19h45

RIO — Além da superlotação e do alto número de rebeliões nos presídios — só em 2013, foram quatro, com a fuga de 176 presos —, o problema mais flagrante no Amazonas é a ausência de juízes e defensores públicos no interior. Essa carência contribui para o índice considerado mais alarmante pelo Mutirão Carcerário realizado pelo CNJ no ano passado: os processos de presos provisórios (ainda não julgados) correspondem a 78%, um dos maiores índices do país. Dentro da massa carcerária do estado, de 8.870 detentos (para 3.811 vagas disponíveis), o número de presos provisórios chega a 5.418.
O relatório alerta ainda para a infraestrutura precária da Vara de Execução Penal de Manaus, onde tramitam 9.434 processos, mas há só seis funcionários para movimentá-los.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida diz que a falta de triagem, que separa presos por tipo de crime e pena, agrava a situação:
— Um cara que furtou um celular está ao lado do homicida, isso gera violência. Vivemos as agruras de um sistema falido, que não reeduca. É um barril de pólvora, Manaus é a sexta capital mais violenta do país, ultrapassamos Rio e São Paulo.
Vice-coordenadora nacional da Pastoral Carcerária, Petra Pfaller diz que o que viu no interior do estado é o retrato do que acontece em todo o Brasil:
— Especialmente no interior, a maioria das cidades só tem delegacias superlotadas que estão virando presídios, sem condições mínimas de higiene.



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