http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/01/1393232-indice-oficial-sugere-queda-de-eficiencia-em-acoes-da-pf.shtml
04/01/2014
- 03h09
Índice oficial sugere queda
de eficiência em ações da PF
MARCO
ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
DO RIO
A
produtividade da Polícia Federal caiu entre 2010 e 2012. Dados das 27
superintendências do país encaminhados à direção geral da instituição mostram
que houve redução nas apreensões de cocaína e inquéritos concluídos nesse
período.
As
informações foram publicadas em um boletim de serviço da PF em 3 de dezembro
passado. O documento, que foi obtido pela Folha, circula apenas na rede
interna da instituição.
Nele, o
diretor de investigação e combate ao crime organizado, delegado Oslain Santana,
detalha estatísticas das superintendências entre 2008 e 2012, e traz a
classificação no IPO (Índice de Produtividade Operacional).
O
indicador foi criado em 2013 para medir a eficiência policial e leva em conta
três itens: as atividades operacionais, as não operacionais e as
características geográficas.
Com isso,
a PF deixou de medir a produtividade policial apenas com base em números de
prisões, apreensões e inquéritos, como é feito em outros países.
Os três
itens compõem a nota final, que vai de 0 a 10. As atividades operacionais têm
peso 0,7 e incluem números como os de inquéritos concluídos, operações, prisões
e apreensões de drogas.
As
atividades não operacionais têm peso 0,2 e reúnem informações sobre total de
passaportes emitidos no Estado, passageiros que circulam por portos e
aeroportos e número de estrangeiros residentes, entre outros.
O item de
menor peso é o de características geográficas: 0,1. Nele são consideradas
informações sobre os Estados como população, número de municípios, se têm
fronteiras e se há reservas indígenas, por exemplo.
Obter uma
boa classificação no IPO ajuda a superintendência a conseguir mais recursos. O
índice é um dos parâmetros que o Ministério da Justiça e a direção da PF adotam
para determinar a distribuição de verbas.
CRÍTICAS
Editoria de Arte/Folhapress |
"Isso parece um trabalho de maquiagem. Em todos os países, quando se fala em eficiência policial se leva em conta a quantidade de prisões, de condenações e o que é devolvido aos cofres públicos. Parâmetros objetivos e não fórmulas matemáticas que escondem isso", diz Renato Figueiredo, diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais.
Para os delegados federais, o índice avalia todas as vertentes e não apenas as ações da polícia nas ruas.
"Não dá para dizer que a produtividade caiu. O que se está fazendo é mudar a forma de trabalhar. Antes, para cada fraude na Caixa Econômica Federal, abríamos um inquérito. Hoje, fazemos um só para a organização criminosa", explica o delegado Carlos Sobral, diretor da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal).
Os índices mostram uma mudança na curva das estatísticas a partir de 2010.
O crescimento no número de operações policiais e de prisões, que vem desde 2008, é mantido, mas há retração na conclusão de inquéritos.
A mudança na tendência dos números ocorreu após a saída do delegado Luiz Fernando Corrêa, que deixou a direção da PF em 2010 para assumir a coordenação de segurança do COL (Comitê Organizador Local) das Olimpíadas do Rio.
Em seu lugar assumiu o delegado Leandro Daiello, então superintendente em São Paulo. A posse de Daiello coincide com o início da discussão entre delegados e agentes por melhores salários e mudanças na carreira.
A crise culminou com uma greve de 97 dias em 2012, que influenciou nas estatísticas.
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