sábado, 22 de junho de 2013

Ironia da vida: quem bateu ontem salva, hoje, a pele de Dilma




http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/06/22/com-aval-de-dilma-fifa-usa-forcas-armadas-como-trunfo-para-seguranca.htm
Com aval de Dilma, Fifa usa Forças Armadas como trunfo para segurança
Fernando Duarte
Do UOL, em Salvador
22/06/201306h00

  • REUTERS/Roberto Stuckert Filho
Dilma encontra Joseph Blatter, presidente da Fifa: até Forças Armadas contra os saques
A Fifa (Federação Internacional de Futebol) já informou a seus parceiros comerciais, incluindo patrocinadores, que o governo brasileiro poderá usar as Forças Armadas para conter excessos de manifestantes na onda de protestos em cidades-sede de jogos da Copa das Confederações.
Em conversas durante a semana sobre medidas de segurança com representantes de patrocinadores e outras empresas envolvidas com a Copa das Confederações, o secretário-geral da entidade, Jerome Valcke, disse ter recebido do governo garantias de que as Forças Armadas estarão à disposição para reforçar a segurança e aliviar o clima de incerteza que envolveu a competição.
Se o discurso feito na noite de sexta-feira pela presidente Dilma Rousseff deu pistas de que um endurecimento do aparato de segurança está nos planos para conter saques e depredações, o UOL Esporte apurou que a Fifa já tinha recebido o aval de Dilma horas antes, tendo inclusive pedido a seus parceiros que "preparem o espírito" de funcionários e convidados para uma segurança mais ostensiva em entornos de estádios e hotéis. A entidade enfim conseguiu passar para o governo brasileiro um pouco da pressão que vem sofrendo por conta do clima tenso envolvendo alguns estádios e partidas.

O UOL Esporte apurou junto a mais de uma fonte ligada aos parceiros comerciais que a Fifa atendeu aos pedidos deles para providenciar escolta no traslado de ônibus de convidados para os jogos da Copa das Confederações deste sábado, incluindo Brasil x Itália, em Salvador. Além disso, VIPs e afins encontrarão os portões dos estádios abertos uma hora mais cedo para evitar um possível fogo-cruzado entre manifestantes e policiais,

Belo Horizonte, onde já há prontidão do exército para auxiliar na segurança, é uma das cidades que preocuparam os parceiros da Fifa depois da intensificação dos protestos. Por ser uma das sedes de uma das semifinais, a cidade deverá ter grande presença de convidados para os pacotes de hospitalidade corporativa.

Nos últimos dias, a Fifa se viu alvo de muitas críticas depois de os protestos respingarem na Copa das Confederações. Patrocinadores se incomodaram com a perda de espaço do torneio na mídia nacional e internacional em meio às imagens de confrontos e os relatos de convidados sendo intimidados a caminho de estádios deixaram preocupadas as empresas que usam camarotes e mimos como parte de suas operações de marketing e relacionamento com clientes.
Os patrocinadores também relatam casos de vandalismo, como a destruição do Terreirão, espaço no centro do Rio de Janeiro preparado pela Coca-Cola para ativações de marca, e o UOL Esporte apurou que funcionários a serviço das empresas estão de deslocando à paisana, com medo de ataques por parte do público. Patrocinadores e empresas prestadoras de serviço contrataram pessoal extra para cuidar da segurança de convidados e contrataram mesmo serviços na área de inteligência para criar planos alternativos de acesso.
Valcke reiterou a parceiros que não há possibilidade da Fifa suspender a Copa das Confederações e que problemas relatados foram uma minoria nas oito partidas do torneio realizadas até agora. Mas problemas como o ataque ao hotel da Fifa em Salvador fizeram com que convidados tenham desistido de viajar para a cidade para acompanhar Brasil x Itália.

Ultimato de Valcke e pressão de patrocinadores 'azedam' relação entre Fifa e governo
Rodrigo Mattos e Vinícius Segalla
Do UOL, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte
22/06/201306h01
Rodrigo Mattos/UOL

Loja da Coca-cola próxima ao Maracanã amanhece cercada após protesto; problema irrita a Fifa
Os acontecimentos da semana que se encerra fizeram com que "azedasse" a relação entre a Fifa (Federação Internacional de Futebol) e o governo federal. Na última quinta-feira, dois ônibus da entidade foram apedrejados em Salvador, durante onda de protestos que varre o país.
Esta foi a gota d´água que transbordou a paciência do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que já estava bastante contrariado com incidentes envolvendo a Copa das Confederações, como a depredação de lojas e equipamentos dos patrocinadores do evento e reclamações por parte de comitivas de seleções contra furtos, roubos e falta de segurança que sofrem no Brasil.
Valcke, então, segundo o UOL Esporte apurou, fez com que chegasse aos ouvidos do gerente geral de segurança do COL (Comitê Organizador Local da Copa-2014), Hilário Medeiros, o seguinte recado, a ser transmitido também às autoridades do governo brasileiro: ou o Brasil dava conta de garantir a segurança da Copa das Confederações, ou a Fifa levaria os jogos faltantes para outro lugar.
O secretário-geral disse mais: caso algum membro ou equipamento da Fifa ou das comitivas de seleções nacionais venha a sofrer algum novo ataque, a entidade passará a se julgar no direito de executar os artigos da Lei Geral da Copa que permitem o cancelamento do evento, com ônus bilionário para o governo brasileiro e ressarcimento à Fifa.
Já na última sexta-feira, membros da Fifa se reuniram com autoridades de segurança do governo brasileiro, ligadas à Sesge (Secretaria Nacional de Segurança para Grandes Eventos), subordinada ao Ministério da Justiça.
A Fifa levou um pote de mágoas, e esperava sair do encontro com mais garantias do que as que efetivamente lhe foram oferecidas. Um dos maiores problemas da Fifa são as reclamações dos patrocinadores em relação à falta de segurança para fazer seus eventos, principalmente aqueles que não ficam nas imediações dos estádios.
Em cada cidade-sede da Copa das Confederações, por exemplo, há um ponto oficial de eventos do torneio, onde há lojas e ações promocionais dos patrocinadores da Fifa. Esses locais, que não ficam nos limites de dois quilômetros de distância dos estádios da competição, não gozam da segurança proporcionada pelas autoridades federais.
Na reunião da última sexta-feira, a Fifa ouviu que, por lei, o governo federal só pode responder pelas localidades no entorno dos estádios. Outras áreas das cidades-sede estão sob jurisdição dos governos estaduais e suas respectivas polícias militares. A entidade não gostou do que ouviu.
O máximo que as autoridades brasileiras prometeram foi que, caso seja necessário, as Forças Armadas estão preparadas e serão convocadas para garantir a segurança da Copa das Confederações.
"Pagando o pato"
Além deste assunto, outro tema foi abordado pelos membros da Fifa. A entidade se mostrou contrariada pelo fato de ter sua imagem arranhada pelos problemas que seriam de inteira responsabilidade dos organizadores brasileiros em relação à Copa das Confederações, notadamente o atraso nas obras previstas e o custo dos estádios.
Membros da Fifa afirmam que não podem ser responsabilizadas pelo Brasil não ter conseguido montar a estrutura prometida a tempo e pelo custo inicialmente anunciado. A posição é de que "o que atrasa fica mais caro e tem mais chance de apresentar problemas".
Tudo isso é dito em conversas internas. O discurso oficial do governo brasileiro, do COL e da Fifa é o de que todos são parceiros na festa da Copa das Confederações e possuem nada mais do que objetivos idênticos: realizar o melhor evento possível para o Brasil e para o mundo.



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